Autocrítica excessiva: quando a voz interna se torna sua maior inimiga

Autocrítica excessiva: descubra os sinais, causas e como transformar essa voz interna rígida em uma postura mais saudável e autocompassiva.

AUTOCUIDADO

Felipe Almada

8/27/20252 min read

Você já se pegou pensando coisas como: “Eu nunca faço nada direito”, “Sempre vou decepcionar as pessoas” ou “Não importa o que eu faça, nunca é suficiente”?

Esses pensamentos, repetidos dia após dia, podem parecer apenas parte da personalidade, mas na verdade indicam um padrão de autocrítica excessiva.

Todos nós temos uma voz interna que nos orienta, mas quando ela se transforma em um juiz implacável, pode se tornar a nossa maior inimiga, podendo alimentar a baixa autoestima e até quadros ansiosos e depressivos.

O que é a autocrítica excessiva?

A autocrítica, em níveis saudáveis, pode nos ajudar a refletir sobre erros e melhorar continuamente. O problema começa quando ela se torna desproporcional, constante e cruel, deixando de servir ao crescimento e passando a ser fonte de sofrimento.

Em termos clínicos, essa autocrítica exagerada geralmente está ligada a crenças centrais negativas (como “sou incapaz” ou “sou indigno de amor”) e a distorções cognitivas, por exemplo:

  • Generalização: “Eu falhei hoje, logo vou falhar sempre.”

  • Leitura mental: “Tenho certeza de que todos acham que sou incompetente.”

  • Filtro negativo: ignorar os sucessos e valorizar apenas os erros.

Sinais de que sua autocrítica passou do limite
  • Você se culpa por situações fora do seu controle;

  • Tem dificuldade em reconhecer conquistas, minimizando seus méritos;

  • Se compara constantemente com os outros, quase sempre se colocando em posição de desvantagem;

  • Usa palavras muito duras consigo mesmo, que não usaria com ninguém mais;

  • Vive em alerta, com medo de cometer erros que “provem” sua suposta incapacidade.

Muitos pacientes me dizem: "Eu nunca falaria com meus amigos como falo comigo mesmo". Esse contraste é muito revelador sobre a régua desproporcional que muitas vezes usamos com nós mesmos.

O impacto da autocrítica na saúde mental

Pesquisas mostram que níveis altos de autocrítica estão associados a:

  • Maior risco de depressão;

  • Intensificação da ansiedade social;

  • Dificuldade de engajamento em relacionamentos íntimos (pela sensação de “não ser bom o bastante”);

  • Burnout, quando associada ao perfeccionismo no trabalho.

Ou seja, essa "voz interna" não apenas desgasta, mas pode adoecer sua mente e seu corpo.

Como a terapia pode ajudar?

A Psicologia Baseada em Evidências oferece diferentes estratégias para transformar essa voz crítica, entre elas, posso citar:

  • Ajuda a identificar e avaliar pensamentos automáticos distorcidos, substituindo-os por interpretações mais realistas;

  • Ensina a observar os pensamentos sem "se prender" a eles, reduzindo o impacto da autocrítica sobre o que você sente;

  • Mostra, na prática, que falhar não é prova de incapacidade, mas parte natural do processo de aprendizado.

Tudo isso ajuda a promover uma "voz interna" mais acolhedora, próxima da forma como tratamos pessoas queridas.

Conclusão

A autocrítica excessiva mostra como nossa mente pode ser, ao mesmo tempo, aliada e inimiga. Aprender a reconhecer essa voz e substituí-la por uma postura mais autocompassiva e realista é um caminho essencial para fortalecer a saúde mental.

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