Tenho TDAH? Entenda o que realmente significa esse diagnóstico

Nem toda distração é TDAH. Descubra o que caracteriza o transtorno, como é o diagnóstico e por que a avaliação profissional é essencial.

TDAH

Felipe Almada

9/20/20253 min read

Introdução

Nos últimos anos, o termo TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) se popularizou nas redes sociais. Vídeos curtos, testes online e listas de sintomas prometem respostas rápidas para quem se sente distraído, ansioso ou improdutivo. Mas é importante dizer com clareza: nem toda dificuldade de foco ou atenção é TDAH, e nem todo TDAH é igual.

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, descrito no DSM-5-TR, que envolve padrões persistentes de desatenção, impulsividade e/ou hiperatividade, que aparecem desde a infância e causam prejuízos reais e consistentes na vida da pessoa.

O que é o TDAH de fato

Segundo o DSM-5-TR (APA, 2022), o TDAH se caracteriza por:

  • Desatenção: dificuldade de manter o foco, seguir instruções, organizar tarefas e sustentar a atenção em atividades prolongadas;

  • Hiperatividade e impulsividade: agitação motora, fala excessiva, impaciência, dificuldade em esperar a vez ou interromper os outros.

Esses sintomas podem se manifestar em diferentes graus e combinações, formando três apresentações principais: predominantemente desatenta, predominantemente hiperativa/impulsiva e combinada.

Mas o ponto central é: os sintomas precisam estar presentes desde a infância, ocorrer em pelo menos dois contextos diferentes (trabalho, casa, escola etc.) e gerar prejuízos funcionais claros.

Ou seja, o diagnóstico não é feito apenas por autoidentificação ou por uma fase difícil da vida e exige um olhar clínico cuidadoso e contextualizado.

O problema do autodiagnóstico

Nas redes sociais, é comum ver pessoas dizendo “acho que tenho TDAH porque me distraio fácil” ou “porque deixo tudo para a última hora”. Mas muitos desses comportamentos também podem ser explicados por outros fatores e até por experiências comuns do dia a dia. Alguns exemplos, são:

  • Ansiedade e estresse crônico: reduzem a capacidade de concentração e aumentam a agitação mental;

  • Depressão: compromete memória, atenção e motivação;

  • Privação de sono: afeta o funcionamento executivo de forma significativa;

  • Sobrecarga de estímulos digitais: leva a padrões de dispersão semelhantes aos do TDAH.

Além disso, há uma tendência crescente à superidentificação com sintomas, alimentada por conteúdos superficiais e “checklists” genéricos. Isso pode gerar confusão, autoculpa e até uso indevido de medicação.

Na Psicologia Baseada em Evidências, diagnóstico é sempre processo, não rótulo. Ele envolve história de vida, contexto, funcionamento atual e impacto real na rotina.

Como é feito o diagnóstico de TDAH

O diagnóstico deve ser realizado por profissionais habilitados (psicólogos, psiquiatras ou neuropsicólogos) a partir de uma avaliação clínica completa, que geralmente inclui:

  • Entrevista clínica estruturada (baseada em critérios do DSM-5-TR);

  • Histórico de desenvolvimento (como o comportamento era na infância e adolescência);

  • Observação do funcionamento atual (em casa, no trabalho, nos relacionamentos);

  • Instrumentos padronizados, como escalas de autorrelato e heterorrelato;

  • Avaliação neuropsicológica, quando há dúvidas diagnósticas (para diferenciar de ansiedade, depressão ou outras condições).

O objetivo da avaliação não é “encaixar alguém num rótulo”, mas entender o funcionamento cognitivo e emocional para orientar o melhor plano de cuidado.

O que causa o TDAH

Assim como as demais questões de adoecimento mental, as evidências científicas indicam que o TDAH tem origem multifatorial. Alguns fatores associados, são: fatores genéticos (hereditariedade), alterações neurobiológicas e o ambiente de desenvolvimento (exposição a estressores precoces, baixo peso ao nascer e adversidades familiares podem aumentar o risco, SEM serem causas diretas)

Ou seja, o TDAH não é “falta de foco” nem “falta de força de vontade”. É uma condição neurobiológica com bases genéticas, influenciada por fatores ambientais e contextuais.

E se eu me identificar com os sintomas?

Identificar-se com sintomas não significa ter o transtorno. Mas pode indicar que algo no seu funcionamento cognitivo e emocional merece atenção. A avaliação profissional é importante porque:

  • Permite diferenciar TDAH de outras condições com sintomas semelhantes;

  • Ajuda a compreender seu perfil de atenção, impulsividade e regulação emocional;

  • Possibilita planejar intervenções personalizadas!

O tratamento não visa “eliminar o TDAH”, mas melhorar o funcionamento, reduzir o sofrimento e aumentar a qualidade de vida.

Conclusão

O TDAH é um transtorno real, com base científica robusta, mas que precisa ser compreendido de forma cuidadosa, sem reducionismos ou autodiagnósticos apressados. Se você se identifica com sintomas de distração, impulsividade ou desorganização persistentes, o melhor caminho é buscar uma avaliação profissional.

Entender o próprio funcionamento não é fraqueza, mas o primeiro passo para viver com mais clareza, leveza e autoconhecimento.

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